EXEMPLOS DE INTERVENÇÕES POSSÍVEIS EM CADA ABORDAGEM
1. A construção de conceitos matemáticos por meio de situações lúdicas e jogos cooperativos: histórias, cantigas, brincadeiras e de jogos cooperativos.
Muitas histórias infantis se estruturam em função de relações de ordem espaço-temporal e de causalidade que podem fornecer excelente contexto para atividades matemáticas. Sempre é importante inicialmente trabalhar ludicamente com a história, explorar o imaginário, a interpretação, o reconto e a dramatização, para então propor uma intervenção em matemática. Dentre as histórias infantis destacamos algumas que colaboram para que a criança estabeleça relações de semelhança, de ordem, correspondência e sejam
desafiadas a quantificar numericamente seus personagens, ou outros conteúdos abordados no texto, além de favorecerem a construção de noções de espaço e forma: “O grande rabanete”, “O sanduíche da Maricota”, “Tudo por um pacote de amendoim” (editora moderna); “A casa sonolenta”, “As três partes”, “Caixas que andam”, “Clact clact” (Editora Ática), e etc. Além dessas histórias temos os clássicos contos de fadas com contextos muito apropriados para intervenções matemáticas como, por exemplo, a história dos “Cachinhos Dourados” – ou denominada por outros autores, “Os três ursos”- “Branca de neve e os sete anões”, e
outras. Abaixo, destacamos uma intervenção realizada com o clássico conto de fadas “Os três porquinhos”.
1.1. Histórias Infantis nas aulas de Matemática - Os Três Porquinhos. Nessa intervenção, a educadora9 explorou com um grupo de crianças do 1º ano, a contação da história “Os Três Porquinhos” com base no livro e com apoio de recursos didáticos. Ela encorajou as crianças a atribuírem números para as casinhas dos porquinhos, segundo a ordem da narrativa – a casa 1 ficou definida como a de Cícero, porque ele terminou a casa de palha mais rápido; a casa 2 ficou para o Heitor, pois foi o segundo a concluir sua casa, que era de madeira e a casa 3 ficou para o Prático que terminou por último a casa de tijolos. Explorando o Letramento, a correspondência espaço-temporal da narrativa e o uso dos signos numéricos em práticas sociais – numeração das casas de forma ordenada - a educadora propôs a produção de um relatório ilustrando o que aprenderam na história. Dispôs para as crianças três quadrados recortados em papel pardo para que produzissem as casinhas dos porquinhos, caracterizando-as e numerando-as conforme a sequência da história, estabelecendo a relação entre a escrita do nome do porquinho e a do número de sua casa.
1.2. As Cantigas de Roda nas aulas de Matemática – As cantigas de roda também colaboram para que as crianças desenvolvam o imaginário e estabeleçam relações de ordem temporal exercitando o pensamento matemático, como na atividade em que a educadora10, por meio da cantiga “A linda rosa juvenil”, criou situações didáticas para que as crianças ordenassem fotos do próprio grupo em momentos diferentes da coreografia. As crianças ordenaram e numeraram as fotos explorando também a leitura e a escrita da narrativa, numa atividade típica de letramento e numeramento relacionada à valorização das culturas da infância.
Outro exemplo: A cantiga dos 10 indiozinhos
Um, dois, três indiozinhos,
Quatro, cinco, seis indiozinhos,
Sete, oito, nove, indiozinhos,
Dez num pequeno bote.
Iam navegando pelo rio abaixo,
Quando um jacaré se aproximou,
E o pequeno bote dos indiozinhos,
quase, quase virou, mas não virou....
Sugerimos que o educador explore a representação da cantiga dos “Dez Indiozinhos” com os dedos das mãos, em que cada dedo representa um indiozinho. Também proponha a dramatização da brincadeira cantando a música, na medida em que dez crianças entram num bote imaginário, organizado num espaço delimitado por dez cadeiras enfileiradas duas a duas. Após o grupo sentar no “bote”, as dez crianças imitam a remada, enquanto as restantes representam os jacarés. Repetir a cantiga representando os índios e o bote com diferentes objetos, por exemplo: dez tampas (uma tampa para cada índio) numa bandeja (que representa o bote). Nestas brincadeiras, é possível utilizar os signos numéricos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10, que podem, por exemplo, marcar a posição das cadeiras na organização do bote, ou a posição dos indiozinhos (o signo é colocado no peito da criança que deverá sentar na cadeira com a mesma numeração). O educador deve questionar: quem é o índio número 6? Onde tem seis índios ao todo? Qual é a cadeira com o número 10? Onde tem dez cadeiras ao todo? Com estas questões queremos que as crianças diferenciem o caráter ordinal (que corresponde a posição relativa da cadeira) do caráter cardinal do número (que corresponde ao total de cadeiras)11. As crianças ainda podem realizar relatórios destas intervenções, como no exemplo abaixo, em que um grupo de treze crianças, após várias brincadeiras no contexto da música12, realizou o seu desenho como índio, organizando coletivamente o cartaz.
A partir dessa cantiga, é oportuno desafiar os estudantes a estabelecerem relações entre o espaço geográfico e o contexto da vida dos índios brasileiros, diferenciando os que vivem em reservas na cidade – como é o caso dos Kaiganges da reserva do Morro do Osso, na Zona Sul de Porto Alegre - daqueles que habitam em reservas na Floresta Amazônica. Problematizar: que rio poderia ser esse? Em que rio poderia ter a presença de jacaré? Onde poderiam viver esses índios da cantiga?
Fonte: Mec -Publicação Mais Educação
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=8206&Itemid=http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=8206&Itemid=
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